O registro eletroencefalográfico é caracterizado por uma aparente irregularidade. O ritmo alfa é caracterizado por sinais com amplitude na faixa de 20 a 200 V e frequência entre 8 e 13 Hz, sendo melhor detectado sobre a região occipital (parte inferoposterior da cabeça). Este ritmo aparece com maior intensidade em indivíduos normais, despertos, em repouso e com os olhos fechados. O formato das ondas é geralmente arredondado ou curvo.
O ritmo beta apresenta frequências na faixa dos 14 Hz aos 30 Hz, raramente alcançando aos 50 Hz. O registro das ondas beta pode ser melhor realizado nas regiões frontal e parietal, apresentando amplitude menores que 30 V. As ondas beta são divididas em dois grupos: beta I e beta II. As ondas beta I apresentam frequências de 14 Hz a 17 Hz e são inibidas pelo esforço mental e atenção. As ondas beta II (18 Hz a 30 Hz) surgem quando ocorre ativação intensa do sistema nervoso central ou durante um estado de tensão.O surgimento do ritmo teta está associado a estados de sonolência mais comuns na infância. A faixa de frequências para este ritmo situa-se entre os 4 Hz e os 7 Hz.
O ritmo delta é o mais lento, composto por ondas com frequência igual ou inferior a 3 Hz, de origem cortical. Ocorre mais facilmente na infância mas aparece também no sono profundo e nas enfermidades cerebrais graves.
A Figura 1 exemplifica ritmos característicos do EEG associados a vários estados de um indivíduo normal: da excitação ao sono profundo, contendo ondas alfa, beta, delta e teta.
A tabela abaixo ilustra diferentes limites de frequência em cada um dos ritmos citados.
Ritmos característicos do EEG normal e sua faixa de freqüências
Ritmo | Freqüência (Hz) | Comentários |
Alfa (α) | 8 – 13 | Occipital, associado com sujeito desperto e relaxado; mais intenso com os olhos fechados. |
Beta (ß) | 14 – 30 | Mais evidente nas derivações frontais-parietais; melhor observado com alfa bloqueado. |
Delta (δ) | 1 – 3 | Presente em: crianças com menos de 1 ano; durante o sono normal; em doenças do cérebro; em anestesia profunda |
Teta (Θ) | 4 – 7 | Predominante em crianças dos 2 aos 5 anos; mais evidente nas derivações parietais-temporais |
Anormalidades funcionais detectáveis pelo EEG
O maior valor clínico da eletroencefalografia está, principalmente, no estudo dos ataques epilépticos, caracterizados por uma ativação excessiva do sistema nervoso central, permitindo detectar o seu tipo, localização e extensão. Para cada tipo de epilepsia existe um traçado específico do EEG, detectável durante as crises e entre elas.
Figura 2 Colocação dos eletrodos para aquisição do eletroencefalograma, de acordo com o Sistema Internacional de Posicionamento 10-20. Fonte
Figura 3 Método para conexão dos canais em um sistema de aquisição do EEG. Na aquisição monopolar o eletrodo de referência fica localizado no lóbulo da orelha, no pescoço ou no queixo. Fonte